Há alguns anos atrás, e isto não faz muito tempo, a expectativa do estudante de baixa renda ao terminar o ensino médio era o inevitável êxodo em direção ao sul do país, em busca de um emprego. Havia pouca esperança de ingressar no curso superior e por isso a carreira acadêmica era elitizada.
Mas o ENEM veio trazer um fio de esperança para os milhares de talentos que se perdiam a cada ano e, engenheiros, médicos, advogados, psicólogos, nutricionistas, odontólogos, entre outras profissões, passaram a integrar o sonho profissional de milhares de jovens e a sigla PROUNI passou a fazer parte do cotidiano desses talentos quase perdidos que agora podiam ao menos ousar em frequentar os espaços até então elitizados.
A dobradinha ENEM x PROUNI tornou-se o sonho de consumo de qualquer estudante que busca um espaço na sala de aula de qualquer curso superior, mesmo entre aqueles de melhor condição financeira, apesar do programa ser direcionado aos estudantes de renda familiar de até três salários mínimos.
O programa implementado pelo governo federal dava sinais de que iria causar uma verdadeira revolução do ensino superior no país, apesar da fórmula não ser a mais perfeita, pois colocava estudantes pobres para frequentar faculdades particulares ao lado de alunos em que muitas vezes o salário de seus pais era menor do que a mesada recebida por alguns de seus colegas.
Sim, a fórmula não é a mais perfeita, porém o seu resultado prático na medida em que começou a inserir no mercado excelentes profissionais oriundos das famílias de baixa renda, fez com que ganhasse credibilidade e se transformasse no mais importante programa de acesso ao ensino superior do país.
Hoje nossos jovens surubinenses caminham rumo a transformação. Transformação de um sonho em realidade, realidade que se traduz nos mais diversos desejos de sucesso e anseio profissional. Porém o que nos deixa ainda desiludidos é a batalha que deverão travar após o sucesso obtido por meio de meses de dedicação e abdicação.
O que espera nossos jovens (digo por experiência própria), são infindáveis noites de viagens, seja para Limoeiro, Nazaré da Mata, Carpina, Vitória de Santo Antão ou Caruaru. Não obstante a distância que deverão enfrentar ainda terão que lhe dar com a possibilidade de trafegarem por essas estradas em ônibus que não lhe oferecem nenhuma segurança, tudo em nome do melhor interesse da administração pública (também o digo por experiência própria). Mas o desafio não acaba por aí, terão ainda de contar com a insegurança na continuidade da prestação do serviço de transporte, quando estiver em jogo a transição da gestão pública municipal. Em fim o desafio do jovem surubinense não se encerra no domingo, mas apenas se inicia para aqueles que obtiverem bons resultados na avaliação, pois não terão o prazer de encontrar na lista de faculdades presenciais uma sequer que esteja sediada no seu município.
Assim, ainda falta muito para que o sonho de nossos antepassados se concretize, pois a promessa de instalação de uma faculdade em Surubim, é proposta que se repete politicamente por aqui, há no mínimo três décadas, para não correr no risco de ser injusto.
Portanto, o que nos falta para tornar esse sonho realidade? A quem devemos recorrer? A quem devemos cobrar?
São questionamentos que se nossos pais não fizeram, por não terem tido a capacidade reflexiva que nós temos hoje, é preciso que nós o façamos em nome do futuro de nossos filhos. Sejamos ousados, assim como esses jovens são em acreditar que apesar das intempéries chegarão ao final da caminhada com êxito e em fim poderão, com o mesmo orgulho que seus antepassados erguiam uma enxada para providenciar o sustento do seu lar, eles agora erguem um importante diploma, representado na forma de “canudo” para mostrar para nossos políticos que estamos construindo uma nova sociedade, e assim como nossas cabeças estão se modificando os seus discursos em breve terão que serem modificados.
Jovens Surubinenses, o poder está com vocês!!!
Foto: Arquivo pessoal
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