Num país de dimensões continentais como o Brasil, o sucesso das
eleições informatizadas com apuração em tempo recorde exige
investimentos em tecnologia para que os votos de eleitores de
localidades remotas, como aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas e
quilombolas, possam chegar aos Tribunais Regionais Eleitorais sem
atraso. O curioso é que os votos dessas regiões têm chegado às capitais
mais rapidamente do que os colhidos em zonas urbanas.
A explicação para isso é o investimento em tecnologia. Por meio de um
equipamento portátil de não mais de dois quilos, que funciona à
bateria, técnicos da Justiça Eleitoral de estados como Amazonas, Pará e
Tocantins, por exemplo, se deslocam para as localidades mais remotas do
país e de lá enviam os votos para as sedes dos respectivos TREs. A
Justiça Eleitoral dispõe de 1.262 antenas de satélite, fáceis de serem
utilizadas. As antenas emitem um sinal sonoro (bip) que, à medida que
são movimentadas, passam de intermitentes a contínuos. Quando o bip
torna-se contínuo, é sinal de que a antena está perfeitamente alinhada
com o satélite.
Com os meios de transmissão de dados localizados nas próprias seções
eleitorais, o resultado é o envio dos votos de maneira quase
instantânea, em procedimentos que giram em torno de três minutos. Antes
da utilização do sistema SMSat, a Justiça Eleitoral demorava mais de 48
horas para totalizar uma eleição. Com a utilização desse serviço, a
Justiça Eleitoral passou a publicar o resultado das eleições no mesmo
dia do pleito. De acordo com o coordenador de Infraestrutura de
Tecnologia de Informação do TSE, Cristiano Andrade, as antenas de
satélite têm conexão a microcomputadores através de cabo e telefone,
sendo utilizadas também para que os técnicos da Justiça Eleitoral se
comuniquem com as bases ao longo, por exemplo, de travessias de barco
que, em alguns casos, podem levar de dois a três dias.
A segurança neste tipo de transmissão é assegurada por mecanismos de
criptografia e assinatura digital para que não exista qualquer
possibilidade de modificação de dados. Após a transmissão, os dados são
conferidos com os boletins de urnas que são impressos antes da
transmissão. As antenas de satélite estão à disposição dos TREs para
utilização em localidades de cerca de 350 municípios em 16 estados:
Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rondônia, Roraima
e Tocantins.
Conforme explica Cristiano Andrade, cabe aos Tribunais Regionais
Eleitorais solicitar o envio das antenas de acordo com a necessidade do
estado. Há localidades remotas por natureza, mas há locais que se tornam
remotos em razões de fenômenos naturais, como fortes chuvas e
inundações que destroem estradas ou o inverso, quando secas prolongadas
impedem a navegabilidade de rios. O uso de antenas de satélite foi
iniciado nas eleições de 2002 e, desde então, a evolução dessa
tecnologia tem permitido à Justiça Eleitoral encurtar cada vez mais o
tempo de transmissão dos votos de eleitores de localidades remotas. As
antenas diminuíram de tamanho, tornaram-se mais leves, a autonomia de
suas baterias aumentou e elas estão cada dia mais velozes. “Isso faz com
que os votos das pessoas que normalmente vivem à margem dos grandes
centros cheguem aos TREs antes dos votos de eleitores que moram em
grandes cidades”, afirma Cristiano Andrade.
VP/RR
Acessoria de Comunicação do TSE
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